
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Perfume novo

quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Sabedoria da rodoviária

Lendo meu livro tranquilamente na poltrona do ônibus com o movimento de um lado para o outro, tem horas que o sono aparece. Cochilo, acordo, cochilo, acordo. Desperto rapidamente e fico na posição certa na cadeira, assim continuo concentrado na leitura, mas antes disso, olho para um lado e vejo um casal de adolescentes se beijando.
Mais a frente o cobrador com cara de mexicano tenta proteger suas costas do sol escaldante. Em uma parada próxima ao Setor de Indústrias, algo chama a atenção dos passageiros e, principalmente, a minha. Duas gordinhas peculiares entram no ônibus fazendo uma pequena bagunça. Chegam causando tumulto! Ao que percebo todos reparam nas moças entrando no coletivo. Depois dessa situação o sono foi-se embora.
Uma delas segura uma latinha de cerveja na mão enquanto a outra paga a passagem de ônibus. Sentam atrás de mim. Que sorte a minha (pensei). Alguns minutos se passaram, deixo a leitura de lado, para escutar o que as amigas estão conversando alto. Uma das gordinhas se separou recentemente e começou a reclamar do seu ex-companheiro. Conversa vai, conversa vem, até que, o ponto alto da conversa é esse:
- Sabe, ele agora que dar uma de gatinho fica paquerando a torto e a direita as meninas.
- Pois é.
- E tem mais, ele só fica na cachaça o dia inteiro e não cuida dos filhos.
- Pois é.
- O que custa ele cuidar um pouco dos filhos, assim eu economizo na babá. Tá difícil demais essa situação. Mas eu vou reverter.
- Ué, mas você não está correndo atrás?!
- Lógico que estou! Tu achas que eu durmo no ponto? Tem altos gatinhos atrás de mim. Só digo uma coisa: "O importante não e a gordura, mas sim, como se faz o angu". Esse negócio que as pessoas falam de pessoa gorda isso ou aquilo e não faz sexo.
Desesperadamente olho para o lado da janela e começo a rir. Assim como eu, os outros passageiros devem tá rindo da situação ou chocados pela conversa franca das duas. Só que o diálogo não acabou ainda falta fechar com chave de ouro.
- Sabe de uma coisa, eu não sou gorda, eu estou gorda. Eu nem como muito, meu problema mesmo é a bebida, cerveja para ser sincera. Ela dá um gole na cerveja.
- Humm. Mas porque você diz isso?
- Ontem teve uma festa no trabalho com vários salgadinhos, eu não peguei nenhum. Mas quando rolava a bebida, eu caia matando. Agora você vai ver, vou só beber whisky com energético. Vou emagrecer pra caramba!
Olho mais uma vez a janela e seguro o sorriso. Sorte que a próxima parada é a minha. Chego à rua e dou uma gargalhada daquela situação. Depois disso, paro e reflito, realmente, auto-estima é algo a ser preservado no ser humano. Ou ela quer fazer aquilo por vingança ou simplesmente que aproveitar o tempo perdido que não teve com o seu ex-companheiro. Uma coisa a gordinha tem de sobra: ousadia. Não é qualquer um que faz gostoso e admite em público.
até breve...
domingo, 2 de outubro de 2011
A visita

Um transeunte para e observa uma figura que chama a atenção. Ele se aproxima e pergunta:
- Porque choras pequena garota?
A menina olha para cima com os vermelhos e responde:
- Meu pai morreu!
- Mas como ele morreu?
- Eu não sei ao certo te falar, apenas escutei minha mãe conversando ao telefone, e, ao mesmo tempo, ficou desesperada ao escutar a notícia. Ela me olha e vê que escutei a conversa e tenta disfarçar só que quando me dei conta já estava correndo para fora de casa.
O senhor para e olha a casa de cor branca. Lembra porque veio caminhando pela rua, coloca a mala que está em sua mão esquerda no chão, pega um bilhete no bolso esquerdo do paletó. Olha o endereço e pergunta a garota:
- Desculpe a indelicadeza, mas eu queria confirmar este endereço.
A garota enxuga as lágrimas, pega o bilhete. Seus olhos vão lendo as linhas e responde:
- Realmente, este é o local que moro.
O homem se assusta e observa a casa novamente. Ele pede licença à garota e senta ao lado dela.
- Agora chorarei com você, pois, acaba de morrer meu irmão que eu não via há 14 anos.
Uma leve brisa passa e consola os dois estranhos que dividem a mesma dor.
até breve