domingo, 20 de maio de 2012

Pés sujos


Nasci 13 de janeiro. Nem um dia a mais ou menos. Fui concebido de um mar de erros do desconhecido. Naveguei, flutuei, e submerso estou. Em meus pés ainda há lama daquele dia em que vi a luz do sofrimento. Vim  do pecado carnal da vida. Flagelei minha mãe por nove meses. Fiz ela passar por dores inconstantes, pedindo um pouco de alimento. Este alimento não tem nome, não tem cheiro, não tem sabor, é inexplicável. Se você consegue explicar, parabéns. Você é um ser elevado, acima do normal.

Pedi para voltar, mas o retorno já não me era possível. A partir daí, constitui um elo que os homens chamam de muitos nomes. Sinto muito, mas não consegui decifrar tal coisa, sentimento, sei lá. Acredito, que desceu pelo ralo do meu primeiro banho quando dei no meu primeiro choro neste mundo. Desde então procuro o tal alimento.

Através de fotos nas paredes ou nos books desgastados de tantas pesquisas inúteis. Vesti as mais diversas fantasias, das mais variadas cores e formas. Já vesti cristais e ouros, mas no outro dia estava como um farrapo. Roupas puídas. Ontem, eu era um tamanho, hoje sou menor ainda, quem sabe amanhã posso ser grande? Antes disso, preciso de uma ampulheta ou um mapa com o texto mais descritivo possível, para me situar onde estou. Fiz o inimaginável, alcancei grandezas, mas me perdi nos meus deslumbres. Oh que visionário eu fui.

Sou rei, amanhã serei príncipe ou o bobo da corte. Posso ser aquele rapaz que toca as trombetas que passa a hierarquia portuguesa, por que não? Faço parte dos seres mais invisíveis que existe no planeta: o ser humano. Estou caminhando, não em círculos, mas aos pulos, porque as armadilhas são grandes.  

até breve...