segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tudo se renova

National Geographic

Que saudade de ouvir o tilintar da chuva sobre o telhado, como sinos de uma capela distante. Ao mesmo tempo, o odor de terra molhada sobe as narinas, lembrando que há mais um ciclo de vida caminhando de maneira fugaz.

Mas não vejo a hora que venha o inverno, para que as minhas inspirações estejam restauradas. Para demonstrar os sentimentos que são renovados a cada estação.

E com esses sentidos bem aguçados: olhos e ouvidos, o coração encontre o que busca.

até breve...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Cumprimento, ois e a voadora

National Geographic

Nos emocionamos ao ver a pessoa amada. Um parente ou amigo distante. Gostamos daquele abraço apertado acompanhando de uma saudade. Ver o que foi modificado durante o tempo de ausência.

Só que algumas emoções fogem do controle. E algumas saudações ficam desgovernadas, e, dependendo do caso, podem até assustar.

Fato do dia.

Estou na livraria Cultura, com mais dois amigos meus, encontro uma conhecida minha da universidade. A conversa começa com aquele tradicional como você está? Tô bem pra lá e pra cá.

O melhor de tudo é atitude do meu amigo que também conhecia a garota.Pega o braço dela, dá um leve empurrão e aproxima a garota e cumprimenta:

- Ei, eu te conheço.

A garota fica ligeiramente assustada e com a boca entreaberta diz:

- É, sou eu, a fulana.

Constrangimento e risinhos ficam em volta de nós. Nos despedimos. Saímos da loja rindo da situação e do meu amigo dizendo:

- Não foi assim!

Moral da história: seja mais singelo e menos brusco ao reconhecer uma pessoa. Pense bem, senão ela pode pensar que é uma briga. O dito cujo, quase deu uma voadora na pessoa ao cumprimentá-la.

Fato

até breve

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Chuva de pentecostes

National Geographic

Quando estou ocupado comigo mesmo –, os anseios submergem. Que sentimentos são esses? Continuo perdido na minha confusão. De maneira despretensiosa, você chega, para colocar tudo em ordem. É o alento.

Você entra em minha casa com as roupas molhadas. O clima lá fora é tão insano, assim como nós. Tiramos a roupa. Transamos no sofá. Foi intenso. A pele estava fria e úmida – sem pressa, fomos nos esquentando com o calor uníssono.

Durante o ato, reconstruímos cada pedaço que foi lançado no caminho. Mas a visita é breve. Ainda há cacos em nossos corações. Os sonhos estão subvertidos nas esperanças do amanhã. Recomponho minha mente, farei das tuas palavras a minha.

No mais profundo do meu eu, me pergunto.

- Devo abdicar?

Desse momento vou navegando na euforia de um próximo encontro, até que as palavras certas cheguem à boca: eu te amo!

até breve...




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mulher austera


Corre loba, louca, esguia

Sangra teus lábios até encontrar o que queres

Foges com a matilha atrás de um macho

Quem sabe encontras um palácio


Corre loba, louca, rabugenta

Atrás de uma cama de porcelana

Que colherás as tuas relvas

O teu pranto faz o encanto


Corre loba, louca, estagnada

Atrás do fuso-horário perdido

Do relógio biológico partido

E dos filhos divididos


Corre loba, louca

Me perdi em tantas lágrimas quando a vi


até breve


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Soldado do tempo

National Geographic

Quando as areias de Deus se movimentarem, irei despertar deste sono acordado. O processo está tão confuso, que os sentimentos vagueiam de maneira peculiar. Ou frenético, se achar melhor.

Sorte a minha que guardo a chave de marfim, onde está o segredo da nostalgia. Poucos vão entender o lado obscuro do Sol, a fim de clarear as idéias da lua. Poucos vão compreender a saudade.

Enquanto espero Chronos girar a roda, a chuva insiste em cair no meu quintal, alagando as azaléias vermelhas que cultivei na minha puberdade. Uma por uma, flor por flor, vão caindo. Até sobrar o céu cinza negrume.

São mais de três horas da manhã. Fantasio reflexos na parede. Olho para a direita e vejo a fiel companheira de solidão. Astuta. Me encara com os seus grandes olhos marrons noturnos. Se cansa de olhar e volta repousar em sua intrepidez. Como uma sentinela atenta a qualquer espia, jamais desgruda do canto da minha cama. Este mesmo lugar onde irei repousar minha fraqueza.

até breve...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ampulheta


Eu sei o quanto estou vivendo, não me preocupo com o futuro e o passado.

Apenas me recordo pelas fotos e as outras imagens que estão na minha memória seletiva.

A cada dia vivo mais uma recordação cômica, séria, triste, não sei. Simplesmente vivo.

Sou poeira e o tempo é o vento, aos poucos sou levado a lugares jamais imaginados. Cada grão de areia são os segundos se passando de maneira veloz. Mas ao despertar deste imaginário me vejo perdido.

O que de real sobrou?

As rugas marcadas no meu rosto.

até breve

sábado, 5 de novembro de 2011

Primavera Solitária

Primavera solitária

Todo dia no mesmo caminho encontra-se Lúcia, parada em frente à sua casa, vendo o por do sol e observando o movimento do vai e vem das pessoas. Um dia ela fica na porta ou encostada no portão, mas sempre olhando para o lado e para o outro. Outro dia foi diferente, ela estava pintando seu portão de verde. Lúcia havia reparado que a tinta estava envelhecida pelo tempo e decidiu fazer o trabalho. Sozinha.

Domingo é o melhor dia para Lúcia. Vai à igreja com suas melhores roupas. Este é o dia do alívio, ocasião em que tenta apagar os fantasmas do passado. Consolo de uma vida a ermo, não por escolha dela, mas sim, de sua mãe. Sofia, ou melhor, Irmã Sofia, como era conhecida, faleceu e deixou a sua filha e uma casa para viverem sozinhas. Lúcia foi devota a sua mãe em todos os sentidos, opiniões e ideias. Respeito era fundamental. Não poderia ser diferente na escolha da religião, a maneira como se vestia, por aonde a mãe ia, ela a acompanhava. Afinal, para que serve uma filha sem impulsos, sem alternativas, a não ser para acompanhar a mãe em todos os lugares.

Sexo. Lúcia jamais fez sexo na vida. Ela descobriu o significado deste prazer, ao menos tenta desvendar, vendo as novelas que tanto adora. Tudo é novo e recente. Seu único livro de cabeceira é a Bíblia Sagrada, mas as coisas estão mudando de direção.

Sua primeira televisão foi muito tempo depois da morte de sua mãe. Quando irmã Sófia era viva dizia: “que televisão era pecado”. O olho do demônio habitava naquele quadrado negro. Após a morte de sua mãe, Lúcia continuou com este estigma. O medo de ir ao inferno ficou perpetuado em sua cabeça por um longo tempo. Mas quando fazia suas visitas esporádicas aos irmãos menos rigorosos foi descobrindo que ver os programas, novelas e noticiários não afetavam sua essência religiosa. Depois disso, comprou uma televisão de 14 polegadas e acompanha todas as novelas. Ficou viciada.

Vendo a mocinha com o mocinho, imagina como deve ser um beijo. Mas não um beijo simples, comum e ordinário. Deve ser aquele beijo, que molha o canto dos lábios, tira completamente o seu fôlego e te constrange por inteiro. Afinal, nunca beijou na vida graças às escolhas dos outros, sua única alternativa é sonhar.

Jamais podia contar esses ou outros desejos a sua mãe, era pecado. Irmã Sófia era uma fundamentalista a Palavra de Deus, seguia rigorosamente os preceitos bíblicos. Fora isso, não havia argumentação. Desde criança Lúcia acompanha sua mãe aos cultos. Foram 38 anos agindo da mesma forma, até que o último suspiro de sua mãe e suas últimas palavras foram:

- Não vejo à hora de encontrar o Salvador, eu não vim para este mundo.

Lúcia chora silenciosamente no quarto do hospital, ao mesmo tempo, os enfermeiros cobrem sua mãe. Ela reflete na situação e pensa: “Sozinha! Conheci meu pai apenas por fotografias, agora minha mãe se foi. Nem ao menos ela me tranquilizou em saber como será daqui para frente. Sua preocupação era a sua salvação, apenas isso.”

“O mês de setembro completa 12 anos desde a morte da mamãe. Período de isolamento involuntário, reclusa nas paredes branca do quarto e da sala. Se eu menos pudesse escolher o que queria para a minha vida”, Lúcia medita. A espera o por do sol lhe é confortante. É a hora de ver as pessoas.

Mas há vantagens em ter a solidão como companheira, outros sentidos aparecem. Lúcia vê minuciosamente como é o movimento das pessoas, as roupas, de uma maneira singular. O vestido roxo que aquela menina usa, não em um simples roxo, mas um violeta parecido com as flores que têm no meu jardim.

Diante disso, é incrível observar as mudanças da lua. Sua companheira de anos lhe revela um segredo que já não é mais novidade: a primavera já vem e com ela mais uma temporada de solidão, com ela as cores estão se renovando.

até breve...

O mundo e suas verdades....

Um casal deitado na cama se olha fixamente. Depois de uma transa intensa, a garota se levanta nua, vai até a escrivaninha pega um cigarro, acende. O cara a observa fumando, dando baforadas pelo ar. Ele pergunta:

- Quer brindar?

- A quê?

- Ao nada, ele é que nos conforta.

Se calam. Novamente se observam. A fumaça envolvem os olhos castanhos da garota. Ela dá a última baforada e apaga o cigarro no cinzeiro ao lado. Volta para a cama, deita no colchão e continua olhando para ele. O vazio ileso vai encobrindo os seus sentimentos.

até breve....

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Perfume novo


National Geographic


Vanessa Melo chegando em casa para almoçar, encontra sua mãe (Luzia Barros) dizendo que ia ao mercado comprar um desodorante. Porque o que a filha usa é muito ruim, o fixador não é bom e o pior de tudo, deixa um aspecto grudento.
- Qual desodorante você tá falando? – pergunta Vanessa
- O que estava em cima da TV, aquele spray azul – responde Luzia
- Ué, o desodorante que eu uso é um creme, e ele está dentro do armário.
- Mas qual foi aquele spray que coloquei no braço.
Quando Vanessa foi ver, a mãe tinha usado laquê nas axilas. As duas caem na gargalhada por horas...
Moral da história: Ela queria fazer novos penteados nas axilas.
até breve

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sabedoria da rodoviária

National Geographic


Lendo meu livro tranquilamente na poltrona do ônibus com o movimento de um lado para o outro, tem horas que o sono aparece. Cochilo, acordo, cochilo, acordo. Desperto rapidamente e fico na posição certa na cadeira, assim continuo concentrado na leitura, mas antes disso, olho para um lado e vejo um casal de adolescentes se beijando.

Mais a frente o cobrador com cara de mexicano tenta proteger suas costas do sol escaldante. Em uma parada próxima ao Setor de Indústrias, algo chama a atenção dos passageiros e, principalmente, a minha. Duas gordinhas peculiares entram no ônibus fazendo uma pequena bagunça. Chegam causando tumulto! Ao que percebo todos reparam nas moças entrando no coletivo. Depois dessa situação o sono foi-se embora.

Uma delas segura uma latinha de cerveja na mão enquanto a outra paga a passagem de ônibus. Sentam atrás de mim. Que sorte a minha (pensei). Alguns minutos se passaram, deixo a leitura de lado, para escutar o que as amigas estão conversando alto. Uma das gordinhas se separou recentemente e começou a reclamar do seu ex-companheiro. Conversa vai, conversa vem, até que, o ponto alto da conversa é esse:

- Sabe, ele agora que dar uma de gatinho fica paquerando a torto e a direita as meninas.

- Pois é.

- E tem mais, ele só fica na cachaça o dia inteiro e não cuida dos filhos.

- Pois é.

- O que custa ele cuidar um pouco dos filhos, assim eu economizo na babá. Tá difícil demais essa situação. Mas eu vou reverter.

- Ué, mas você não está correndo atrás?!

- Lógico que estou! Tu achas que eu durmo no ponto? Tem altos gatinhos atrás de mim. Só digo uma coisa: "O importante não e a gordura, mas sim, como se faz o angu". Esse negócio que as pessoas falam de pessoa gorda isso ou aquilo e não faz sexo.

Desesperadamente olho para o lado da janela e começo a rir. Assim como eu, os outros passageiros devem tá rindo da situação ou chocados pela conversa franca das duas. Só que o diálogo não acabou ainda falta fechar com chave de ouro.

- Sabe de uma coisa, eu não sou gorda, eu estou gorda. Eu nem como muito, meu problema mesmo é a bebida, cerveja para ser sincera. Ela dá um gole na cerveja.

- Humm. Mas porque você diz isso?

- Ontem teve uma festa no trabalho com vários salgadinhos, eu não peguei nenhum. Mas quando rolava a bebida, eu caia matando. Agora você vai ver, vou só beber whisky com energético. Vou emagrecer pra caramba!

Olho mais uma vez a janela e seguro o sorriso. Sorte que a próxima parada é a minha. Chego à rua e dou uma gargalhada daquela situação. Depois disso, paro e reflito, realmente, auto-estima é algo a ser preservado no ser humano. Ou ela quer fazer aquilo por vingança ou simplesmente que aproveitar o tempo perdido que não teve com o seu ex-companheiro. Uma coisa a gordinha tem de sobra: ousadia. Não é qualquer um que faz gostoso e admite em público.


até breve...

domingo, 2 de outubro de 2011

A visita

National Geographic

Um transeunte para e observa uma figura que chama a atenção. Ele se aproxima e pergunta:

- Porque choras pequena garota?

A menina olha para cima com os vermelhos e responde:

- Meu pai morreu!

- Mas como ele morreu?

- Eu não sei ao certo te falar, apenas escutei minha mãe conversando ao telefone, e, ao mesmo tempo, ficou desesperada ao escutar a notícia. Ela me olha e vê que escutei a conversa e tenta disfarçar só que quando me dei conta já estava correndo para fora de casa.

O senhor para e olha a casa de cor branca. Lembra porque veio caminhando pela rua, coloca a mala que está em sua mão esquerda no chão, pega um bilhete no bolso esquerdo do paletó. Olha o endereço e pergunta a garota:

- Desculpe a indelicadeza, mas eu queria confirmar este endereço.

A garota enxuga as lágrimas, pega o bilhete. Seus olhos vão lendo as linhas e responde:

- Realmente, este é o local que moro.

O homem se assusta e observa a casa novamente. Ele pede licença à garota e senta ao lado dela.

- Agora chorarei com você, pois, acaba de morrer meu irmão que eu não via há 14 anos.

Uma leve brisa passa e consola os dois estranhos que dividem a mesma dor.


até breve

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Bonecos do lixo


Basta! Os manequins estão fora de cogitação. Hoje, o certo é ser incerto. Gosto das coisas incomuns, palavras chulas me levam ao êxtase. Os imundos me atraem. Quero pessoas sem máscaras ou maquiagem, as cicatrizes são mais interessantes. O sagrado não me atrai, o correto é ser lascivo.

Sem que percebamos, meticulosamente nos afeiçoamos de maneira involuntária. Quero as feridas mais profundas e as transformações mais plenas. A rebeldia é muito blasé. Expunham a originalidade, mas sem dedos apontados para os lados. Um pouco de pimenta no tempero, não faz mal a ninguém. Seja social, mas sem ser banal.

Cansei de morbidez humana. Os erros nos mostram como somos. A alma pecadora é a que procura rendição. Clamo a deusa Atena a sabedoria plena, para aguentar incólume esta dor. Enquanto puder, vou usar a borracha mais velha que estiver esquecida na gaveta, e ressuscitarei os fantasmas do passado. Quero que a lua seja cúmplice no barateamento da perfeição humana, que se espalha por uma névoa branca, a respiramos mas não sentimentos. As aquietações são desvendadas, aos poucos mortificadas ou quem sabe esquecidas. A partir de hoje, preparo-me para que venha o banquete de carne crua.

Inspirado no texto de Fernando Pessoa, poema Linha Reta

até breve


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Farol


Encontros e desencontros são efêmeros, vorazes, com uma força que nos consomem a cada instante. Mas você continua a mesma, leal a cada momento. Suas lágrimas exprimem a verdade, o valor de um sentimento jamais vivido por estes peregrinos da noite... Da janela contemplamos o mesmo farol de uma luminosidade estática. Sempre pulsando o amarelo ocre. Provocando-nos ir ou vir. Nossas vidas são parecidas a este pequeno refletor, alerta a todo instante.

Permanecemos cautelosos a tudo e a todos, mesmo assim, o controle foge de nossas mãos. Esvaindo-se pelas falanges, por minúsculas frestas. Apesar disso, ficamos aqui estáticos observando o círculo aceso sempre piscando, confundindo-se entre as estrelas, precavendo pedestres e motoristas. Como essa lanterna sustentada por um concreto, sem nenhuma perspectiva de se locomover, assim somos nós. O mundo é frenético, mas a sensação é de imobilidade. Os inominados estão em um coma involuntário, deslumbrados com a paisagem. Paralisados a cada instante, o farol está estável, piscando seu torpor.

até breve

sábado, 10 de setembro de 2011

Caminho das orquídeas

National Geographic

É como se eu te sentisse ao meu lado... apenas por alguns segundos. Estou viciado neste amor. Seu beijo é como uma droga maldita. Não consigo sair deste vício. Em poucos minutos decorei o seu jeito de andar, os movimentos com as mãos, o abrir e fechar de olhos, são detalhes minuciosos que fazem toda a diferença. Devoro-te sem ao menos ter te consumado.

Os dias estão se prolongando. Preciso te encontrar para construirmos nosso telhado. Quero te levar no caminho das orquídeas. Como assim você nunca foi a este lugar? Sei que estou me precipitando, deve ser a idade ou imaturidade. Quero-te por inteiro, esta é a minha escolha.

Não precisamos atravessar a rua de mãos dadas. Ao seu lado me sinto completo. Você traz emoções jamais conhecidas ou sequer imaginadas. Infelizmente, isto é apenas uma utopia.

De volta à mansidão, calmaria e a expiação. No caminho do amor, não existe uma pista de mão dupla, mas sim, uma via única por onde os sentimentos vagueiam. Gostaria de reciprocidade, infelizmente, você jogou o dado da sorte e despediu-se. Sem ao menos um adeus. Desejava contar as estrelas com você, mas, especialmente adoraria acordar ao seu lado.

A última recordação que tenho é uma rua com tijolos vermelhos, próxima a uma esquina, local do nosso primeiro e último encontro. Você virava, mas, antes disso, olhava nos meus olhos e ia embora. Deixando apenas um perfume de orquídeas.

até breve

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O taxidermista

Fonte: National Geographic


Meus olhos estão marejados pela dor de crescer. Neste momento descanso na disciplina, com causas e arrependimentos. Permaneço numa sombra qualquer, onde pensamentos são escalpelados gradativamente. Depois de alguns minutos levanto-me e observo os transeuntes caminhando lentamente. Vou em direção a eles. Aos poucos vou observando um mormaço aumentando. Durante o percurso, espero o marasmo se dissipar, mas ele insiste em ficar ao meu lado.

Olho ao redor me transformando em um simples humano. Ao saber que essa sensação ia ficar em mim, escolho voltar para a mesma sombra. Reconforto-me em saber que escreverei minha história.

até breve

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Amigos




Amigos estão unidos por laços invisíveis. Não os vemos, mas sentimentos e reencontramos em cada pensamento. Suas características, formas, cores, não importam. Lembrança! A lembrança é o que nos mantém firmes, junto com devaneios de ótimos momentos. Péssimos também, afinal, a construção da amizade é feito por tijolo a tijolo, como a construção de um muro. Mas esse muro deve ser firme para aguentar algumas intempéries que se formam durante o percurso. Podem-se passar horas, dias ou anos, mas estamos cercados por uma essência e, ao lado desta essência, há uma espera descomedida para que no próximo encontro digamos: Amigo!


até breve

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cheiro de infância


Nossa, o bolo está crescendo. Isso me lembra do cheiro da minha infância. Quer dizer, várias coisas me lembram esses momentos. Balas sortidas, sorvete de morango, parquinho de areia, futebol, a primeira revista masculina (isso aos oito anos), fogueira. Nomeá-las seria impossível. Mas e você Théo, o que está na sua memória? Pergunta Mauro.

- Naftalina! Théo respondeu de maneira pragmática.

- Como assim naftalina? Perguntou Mauro assustado com a resposta do amigo. Porque aquelas bolinhas brancas fedorentas lembram sua infância? Afinal, aquele cheiro serve para afastar todos que estão ao seu redor. Só de lembrar me dá um asco. Eco! Responde Mauro fazendo cara de nojo e já começando a rir da conversa.

- Lógico que as naftalinas são marcantes. Todo mundo já usou naftalina nas gavetas e armários de suas casas. Se lembra de quando você era pequeno, a única forma de preservar as roupas daquelas pestes nocivas e desagradáveis: as baratas. O animalzinho asqueroso que é útil para esse mundo.

Para mim é marcante ver aquele colorido varal de roupas, dançando com o vento espalhando o cheiro de sabão em pó de maneira uníssona, se desfaz em poucos minutos ao se misturarem com as bolinhas fedorentas nas gavetas. Minha mãe sempre dizia com aquele sotaque do Sul: “Tu colocastes as bolinhas “cheirosas” na gaveta?” Depois começava a rir.

As minhas viagens são rodeadas por esse odor característico. O cheirinho me lembra as visitas de julho até o interior de Porto Alegre. Esse período em que as gotas de algodão flutuando até o chão. Formando paisagens maravilhosas. Antes disso, há aquele ritual de arrumar as malas e tirar todos os agasalhos das gavetas e com eles vinham às bolinhas e o cheiro peculiar que espanta qualquer um.

Minha avó adorava aquele cheiro. Na verdade, por onde ela passa deixa esse odor. Mas isso faz tempo, Dona Lurdes já faleceu há algum tempo. E o que me vem à memória? As bolinhas brancas que exalam o um cheiro desagradável, mas é o cheiro da minha infância, cheiro de recordação, cheira a saudosismo próximo a janela.


até breve

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Recomeço



Segundo o dicionário recomeçar: V.t. Começar de novo; refazer depois de interrupção: recomeçar um trabalho. Retornar a fazer qualquer coisa: recomeçar a chorar. V.i. Começar a ser, a produzir-se novamente: recomeça a chuva.

Isto é o que me define: recomeço. Depois de alguns anos parado, as palavras, pensamentos e ideais não me deixavam quieto. A todo passo que dava, eles estavam presentes, caminhando ao meu lado. Em tudo que via e ouvia vagarosamente navegavam no meu íntimo. Só me aquietava quando expressava estes sentimentos no papel, igualmente ficava aliviado.Vou refazer este percurso até que os dias sejam perpetuados na terra.

O porquê disto? Um dia me dei conta e refleti: não quero viver muito, mas quero existir o necessário para que descubra o porquê vim para este mundo. A partir de então “vou usando a escrita para me livrar daquilo que corrói e destrói por dentro.”

até breve