São 1h30 da manhã. Saio do banho e o bafo inunda o
banheiro atrapalhando a minha visão, parecendo uma sauna. Alguns segundos
depois enxergo toalha, eu a pego e começo a me secar. Por causa do horário, os
moradores descansam, os menores ruídos ficam perceptíveis.
Enquanto me seco, escuto alguns barulho que não são
comuns, uns gemidos. Paro de fazer o que estou fazendo e me pergunto “será que
minha mãe está vendo filme pornô? Não acredito que a veia tá fazendo isso”.
Deixo isso de lado e vou para o quarto colocar a
roupa. Enquanto me visto, os gemidos ficam mais alto. Olho pela janela e os
gemidos continuam. Me dou conta que os gemidos vem dos fundos da minha casa.
- Meu Deus, são os inquilinos que estão
transando!!! Mas precisam gritar desse jeito?
A curiosidade falou mais alto, saio do meu quarto,
sigo o caminho até o quintal, quase um breu, a luz da lua me serviu como guia
até o portão. Abro o portão bem devagar, para confirmar se realmente os
inquilinos estão transando. Me veio a confirmação.
Volto lentamente e caminho até o quarto da minha
mãe que fica no quintal, o famoso puxadinho. Dou algumas batidas na porta para
ver se a minha mãe está acordada. Minha mãe abre a porta e eu pergunto de uma
maneira quase inaudível:
- Mãe, você está escutando isso? Os inquilinos
estão transando muito alto.
Eu esperava uma reação mais calma da minha mãe,
quando de repente ela grita:
- Éééééé eu sei, eles não me deixam dormir.
- Fala baixo!!! E o que você vai fazer?
- Pera aí, que vou dar um jeito rapidinho.
Minha mãe caminha lentamente até o quintal, pega
três pedras e arremessa a primeira pedra. Acho que eles levaram um baita susto,
porque o barulho da batida da pedra foi idêntica a uma explosão. Naquele
horário com pouco movimento, aumentou o estrondo em uma cinco vezes.
Ela volta sem pressa e diz toda confiante: “quero
ver se eles param agora”. Eu retruco de forma irônica “ah tá, agora sim você
solucionou o problema”.
Pelo visto o método sutil da minha mãe surtiu efeito,
quando voltei ao meu quarto, escutava apenas o barulho da geladeira
descongelando e alguns latidos de cães vadios. Desligo as luzes, deito, e
espero para encontrar os inquilinos com a cara mais normal do mundo. Como se
nada tivesse acontecido.
até breve