segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fogos de artifício


Crianças se quebram, se xingam, se machucam, se queimam, mas nada como a diversão e a simplicidade na vida dos pequenos. Principalmente, quando se tem um pacote novinho de Bombril nas mãos.
“Você pegou?”, “Peguei um pacote zerado, agora é esperar anoitecer para fazermos a brincadeira”, Jamil responde. Thiago e o Jamil aguardaram ansiosamente até às 19h, quando o sol se põe por completo, e a lua vem trazendo à folia.
Enquanto saem de casa, a ansiedade toma conta de Jamil, iniciante na brincadeira que é tradição na rua. Toda primeira terça-feira do mês, às 19h, acontece os minutos de “fogos de artifício”, ou tempestivas luzes nas janelas das casas. Mas se rolasse um “bombrilzinho” a mais durante o mês, não havia problema. Antes de começar, Thiago dita as instruções:
- Já sabe como é o esquema, acende e sai correndo.
- Só isso?
- Mas cuidado, porque o Bombril pode queimar os dedos e as mãos. Antes de começar, e você é ainda amador, eu trouxe este arame aqui para amarrar na ponta, daí você não corre o risco de se queimar. Porém, ainda você corre o risco de você queimar os pés.
Diversão em primeiro lugar é o que sempre eles diziam e faziam. O iniciante fica um pouco ansioso, mas não quer correr o risco de ser chacota na rua em que acabou de se mudar, “Acendeu?!”. “Acendi, agora cooorre”. Jamil corre loucamente para o meio da rua, girando o Bombril aceso preso no arame, soltando faíscas amarelas para todos os lados, rodopiando, o barulho do arame rodando “vrum, vrum, vrum, vrum”, e faíscas acompanhando os movimentos, até que o último pedaço do Bombril acabe. Infelizmente, a última ponta acesa cai em cima do pé de Jamil:
- Ai, ai, ai, ai, ai, ta ardendo muito – reclama Jamil.
- Calma, pô, isto passa rapidim – tranquiliza Thiago.
- Até parece, porque não foi com você.
- Ih filhote, cansei de brincar disso, e eu rodo é sem o arame, olha as marcas nos meus dedos e nos meus pés.
- Sério?!
- Ta vendo não?
- Vamos de novo?
- Ouxi, demorô. Já sabe como é o esquema, né?
Mais uma vez segue Jamil com as coordenadas do amigo, amarra o Bombril na ponta do arame, acende e faz a festa. Corre para os lados, depois “vrum, vrum, vrum”, faíscas iluminando a noite, até que o último pedaço se apague e amizade cresça através das queimaduras. Ao olhar as marcas da infância, tragam a nostalgia.

até breve...

2 comentários:

  1. Adorei o “vrum, vrum, vrum” kkkkkkkk
    bjsss
    May :)

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  2. Nunca fiz isso, mas já vi na TV!!! ahahahahahahh Sem cicatrizes de minha infância, mas ler seu texto me trouxe outras ótimas recordações!

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